Fillippo Brunelleschi: A vanguarda artística do
final da Idade Média
A palavra renascença encontra seu significado em “nascer de novo”, e quando os italianos diziam que a arte de Giotto era tão boa quanto à dos antigos, notamos a inclinação desse artista aos moldes do período clássico, em que os parâmetros greco-romanos ditavam a busca do belo.
Roma foi o centro urbano detentor e patrono da arte até as migrações bárbaras, logo, os italianos nomearam de arte gótica o período da Idade Média entre a Renascença e a queda do Império, e responsabilizaram os godos pela perda das formas da arte do período clássico, trazendo à luz a renascença, que poderia buscar a grandeza perdida de Roma.
Hoje, sabemos que é uma falácia sustentar a tese dos italianos daquele período, pois 700 anos separam o início da Arte Gótica das migrações dos godos, e ainda usamos termos como “vandalismo”, para identificar a destruição da beleza de um objeto.
O período denominado Idade das Trevas, assistiu a Itália sofrer um atraso tecnológico que não possibilitou a sua ascensão à vanguarda artística do período. Por esse motivo Giotto era considerado entre os seus, inovador.
Florença, cidade mercantil de expoentes pré-renascentistas como Dante, busca reviver o classicismo no início do século XV com um grupo de artistas que rompem um antigo e inauguram um novo conceito de arte. O líder desses artistas foi o arquiteto Filippo Brunelleschi (1337-1446), que trabalhou na Catedral de Florença de estilo gótico. No seu projeto e construção a catedral possuía um empecilho: não existia espaço o suficiente para a construção do seu Zimbório. É nesse contexto que Brunelleschi projeta uma abóbada formando um imenso zimbório preenchendo o dito espaço.
Após esse feito Brunelleschi ganha notoriedade entre os florentinos e passa a trabalhar em novos projetos que anseiam pelos ideais do renascimento. Filippo passa uma temporada em Roma, estudando ruínas e palácios da época áurea do local.
Quando volta a Florença encontra dificuldade em executar seus projetos, por não poder utilizar todos os dogmas artísticos greco-romanos sem pensar nas necessidades da cidade durante a era quatrocentista.
Então Brunelleschi parte da arte que vigorava naquele período para rebuscar nas formas clássicas, novos modos de harmonia e beleza. Notamos a realização desse ideal na Capela Pazzi, onde os estudos em Roma são expostos nas colunas, pilastras e arcos de tal empreitada.
No interior dessa capela notamos uma preocupação com a forma e proporção, que se diferenciava do escorço grego ou da profundidade dos pintores helenísticos, era um contraste de cores que bebia em fundamentos da matemática: assim nascia a técnica da perspectiva, a qual os pintores renascentistas como Massaccio, iriam utilizar em suas telas.
No caso de Massaccio podemos notar essa influência no quadro A Santíssima Trindade, possível encomenda de um mercador que se faz presente na obra, junto de sua mulher.
A intensidade da euforia entre os artistas da época pode ser a explicação do por que dos conceitos elaborados por Filippo Brunelleschi terem perdurado durante 500 anos no meio de arquitetos europeus e americanos. Certamente, ele conseguiu dar vazão a uma nova era.